“Apeei do meu cavalo e no ranchinho a beira chão,
Vi uma mulher chorando, quis saber qual a razão,
– Boiadeiro veio tarde, veja a cruz no estradão,
Quem matou o meu menino foi um boi sem coração”
Cachorros: amigos eternos.
A Bruna cresceu brincando com cachorros, ela teve muitos e, os que mais marcaram a sua infância foram: a Bolinha, o Neguinho, o Ruk, a Fofinha, o Juca, e o Pingo.
Todos eles fazem parte de momentos maravilhosos da vida da menina, entretanto, infelizmente, todos tiveram um final trágico. Por esse motivo, sempre que a menina pensa em seus cachorros, ela sente amor, mas também sente muita dor.
O que você sente quando vê alguém sofrendo? Como você reage quando vê a natureza, as plantas e animais morrendo?
A Bolinha morreu, vencida pela força das águas. Neguinho foi atropelado e o Ruk também: de dentro do berço, a Bruna olhava o pai pela janela, que levava o pastor alemão preto em uma carriola, para ser enterrado no pomar. Fofinha foi abandonada na rodovia, o coração da menina doía ao ver sua cachorrinha sendo deixada para trás… Provavelmente ela deve ter morrido de fome ou atropelada também.
Juca, ah! Esse marcou demais! Ele tinha o pelo na cor caramelo, era bem peludinho, vivia despenteado e cheio de espinhos do mato. Ele sorria, sim, ele sorria! Era um cachorro extremamente carinhoso. Certo dia, como de costume, os cachorros da vizinhança resolveram brigar com ele. Nesse dia a Bruna não estava em casa. O pai conta que não foi possível salvá-lo. Os cachorros, grandes e ferozes, literalmente despedaçaram o pobre animal. Seu corpo ficou lá, sobre a grama. Algum tempo depois a menina o encontrou e chorou, sofreu, imaginando a cena.
Existe alguma cena muito triste que não sai da sua mente? O que você pode aprender com ela?
Pingo e Juca viveram na mesma época. Pingo era filho da Bolinha, da sua última ninhada. Ele era branco e preto. Fiel, protetor…acompanhava a Bruna todos os dias até à pista, onde ela pegava o ônibus para a escola, e, na volta, aguardava a menina, religiosamente. Ele sempre ia ao seu encontro, correndo e brincando, latindo, contando a todos que a Bruna estava chegando. Como era gostoso brincar com ele, carregá-lo, amá-lo!
A mãe da menina costumava matar frango e, enquanto estava na cozinha limpando e preparando a ave, o Pingo ficava na porta, como um guarda, e não deixava ninguém entrar. Quando necessário ele atacava, sempre protegendo a Bruna e sua família.
Certo dia o Pingo sumiu, e nunca mais apareceu. A menina não sabe como ele morreu e, de verdade, foi melhor assim, pois seria insuportável conhecer a triste história que o levou.
Você é capaz de se lembrar do dia mais triste da sua vida?
A Bruna recorda do dia em que olhou para o espelho, logo após a morte de um de seus queridos cachorros, e disse: “hoje é o dia mais triste da minha vida”. A irmã, escondida atrás da parede, olhava a menina que chorava, inconsolada com a perda de seu amigo.
E você é capaz de se lembrar do seu dia mais feliz?
Talvez seja o dia do seu casamento, o dia em que comprou a sua casa, o dia em que nasceu o seu filho ou ainda, um singelo momento, ao lado do seu animal de estimação.
Momentos alegres e tristes trazem consigo aprendizados. Imagens podem ser apagadas, rasgadas, evaporadas, levadas pelas ondas do mar. Histórias podem ser recontadas e podem ganhar um novo significado. Isso é bom, isso é muito bom!
Eu quero a doce lembrança,
A alegria e a esperança,
O amor e a bonança.
Eu guardo a imagem mais linda,
O cheiro mais gostoso,
O som mais prazeroso,
O sabor mais afetuoso.
Eu creio no amanhã, na eternidade,
Nos passos que trazem e que levam,
Nos braços que soltam e que carregam.
Eu creio no fim,
No fim daquilo que é ruim,
De tudo o que te fez sofrer,
De tudo o que doeu em mim.
Carrego comigo o amor,
Carrego histórias, carrego palavras,
A essência de uma vida,
Relatada em uma simples poesia.
“E disse Deus: Eis que vos tenho dado toda a erva que dê semente, que está sobre a face de toda a terra; e toda a árvore, em que há fruto que dê semente, ser-vos-á para mantimento. E a todo o animal da terra, e a toda a ave dos céus, e a todo o réptil da terra, em que há alma vivente, toda a erva verde será para mantimento; e assim foi. E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom; e foi a tarde e a manhã, o dia sexto” – Bíblia, Gênesis, capítulo 1, versos 29 a 31.
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