“Se essa rua, se essa rua fosse minha,
Eu mandava, eu mandava ladrilhar,
Com pedrinhas, com pedrinhas de brilhante,
Para o meu, para o meu amor passar”
A Bruna era a filha caçula. A mais nova. A raspa do tacho.
Você sabe como é ser o filho caçula?
As pessoas costumam dizer que o caçula é o mais mimado. Entretanto, a Bruna não se sentia mimada, pelo contrário, sentia-se incompreendida, sem espaço para ser quem ela era.
É comum as pessoas criarem rótulos para as crianças: ele é medroso, ela é mimada, ele não come nada, ela é hiperativa, dentre outros. Depois de tantas repetições, esses conceitos são absorvidos, aprendidos e podem se tornar crenças limitantes. Mais tarde, em uma apresentação na escola, por exemplo, o medo pode funcionar como um mecanismo de bloqueio, dificultando a criança de fazer o seu melhor.
Um filho caçula pode ser ou não uma criança mimada. Não existe regra, nem para o caçula, nem para o mais velho, nem para os filhos do meio.
Somos, acima de tudo, seres inteligentes.
Se alguém fez você acreditar em algo no passado, que hoje está bloqueando ou dificultando o seu crescimento, saiba que é possível vencer essa barreira.
Você tem capacidade para superar esses desafios, para realizar aquilo que deseja e da maneira como deseja e chegar a lugares ainda mais longes, alcançar níveis que jamais imaginou! Você tem ferramentas e recursos disponíveis, a começar pelas pessoas, acredite, muitas estão dispostas a te ajudar.
A Bruna ouvia as pessoas dizendo coisas a seu respeito. Mas, será que em algum momento alguém parou para ouvir o que a menina tinha a dizer? O que ela sentia? Quais eram os seus sonhos? Do que ela precisava?
Ela queria falar, mas parecia que ninguém estava disposto a ouvi-la. “Criança não sabe nada”, “Você é pequena, não sabe das coisas”. Essas frases por vezes magoaram o seu coração. Ela sabia sim, ela entedia tudo, ela queria falar, opinar, compartilhar…
Você tem filhos pequenos ou crianças à sua volta? Será que eles têm tido espaço para se expressarem?
O que mais me encanta nessa história, é que mesmo sendo criança, mesmo sendo a caçula, mesmo sem ser ouvida e compreendida, a menina tinha uma voz que falava dentro dela. Uma voz que fazia ela se sentir grande, forte e capaz. Ela ouvia essa voz que dizia: você é especial.
A menina acreditou nessa voz, agarrou-se nela e foi viver a vida, na certeza que um dia seria ouvida e que suas palavras teriam importância.
Como seria a história dessa menina se ela tivesse acreditado que era uma criança mimada, que não sabia nada da vida?
Mais tarde, a Bruna descobriria que através da escrita ela poderia falar. Através de poesias ela expressaria os seus sentimentos. As palavras, que um dia a sufocaram, agora iriam libertá-la. As palavras transformariam a sua vida e reescreveriam as suas histórias. As palavras a levariam para um lugar especial, onde ela poderia ser quem ela era, livre de julgamentos.
Deixa-me falar,
Deixa-me dizer o que sinto,
As minhas palavras podem te ensinar,
As minhas palavras podem te ajudar.
Deixa-me ser eu…
O meu tamanho não revela quem sou.
Não importa a minha estatura,
Se sou a mais velha ou a caçula,
Aqui dentro a minha essência é igual a sua.
Retira essas marcas, elimina esses rótulos,
Deixa-me ser quem sou…
Sou uma parte, ainda que pequena…
Quem sabe eu seja a luz,
Que vai te guiar na escuridão,
Ou talvez eu seja a palavra,
Que vai fazer feliz o seu coração!
O caçula é um ser único e especial, assim como são todas as crianças. Não julgue, não menospreze, pois ele pode trazer, em sua essência, as respostas para os seus questionamentos e te fazer enxergar sobre um novo ponto de vista, a partir de um lugar que somente um ser pequeno é capaz de ver.
Seja o ouvido que escuta, os olhos que enxergam, os braços que acolhem e a voz que motiva o pequeno a se tornar grande!
“Eis que os filhos são herança do Senhor, e o fruto do ventre, o seu galardão. Como flechas nas mãos do valente, assim são os filhos da mocidade. Bem-aventurado o homem que enche deles a sua aljava; não serão confundidos, quando falarem com os seus inimigos à porta” – Bíblia, Salmos, capítulo 127, versos 3 a 5.
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